sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago: O gênio da literatura portuguesa



José Saramago morre nesta sexta-feira, dia 18, aos 87 anos, em Lanzarote, de falência múltipla dos órgãos, deixando a literatura de luto.

José de Sousa Saramago escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português, filho de pais pobres, tornou-se um ícone da literatura portuguesa, sendo contemplado com o Prêmio Camões, o mais importante prêmio da literatura portuguesa e galardoado, ainda, com o Prêmio Nobel da Literatura consagrando-se o único escritor de língua portuguesa a receber o prêmio.

Conhecido como um crítico das injustiças sociais, tem como marca registrada utilizar frases e períodos longos, e pontuação não convencional. Com um grande número de vírgulas em orações em que normalmente se usariam interrogação, exclamação ou até mesmo ponto final, além da inexistência de travessões em diálogos das personagens, José Saramago convida o leitor a tornar-se parte da história. Não sem intenção, em muitas de suas obras privilegia a personagem feminina como Blimunda, em Memorial do Convento, a mulher do médico, em Ensaio sobre a Cegueira. Às pessoas que diziam não conseguir ler o livro Ensaio sobre a Cegueira ele responde: “Vocês não conseguem ler este livro, mas conseguem viver neste mundo?”

Sobre o ilustre escritor, o primeiro ministro de Portugal José Sócrates afirma:
 “Saramago deixa impressão profunda na alma portuguesa".

Marcos Villaça, presidente da Academia Brasileira de Letras comenta:
“A Academia estava aguardando a informação de quando José Saramago viria ao Rio para providenciar a organização da sua posse na Cadeira 16 de sócio correspondente. A notícia nos deixou em estado de enorme tristeza. A próxima sessão acadêmica, quinta-feira que vem, na ABL, será dedicada à memória do grande escritor português, por quem sempre tivemos o maior respeito e admiração."

Em homenagem ao grande escritor da língua portuguesa, abaixo um trecho de seu livro Intermitências da Morte:

     “A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder,    ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu.”


Assim, José Saramago é imortalizado através de suas obras e nos corações de seus leitores.

Confira alguns livros do autor que li e recomendo:

Memorial do Convento (1982)

"Por uma hora ficaram os dois sentados, sem falar. Apenas uma vez Baltasar se levantou para pôr alguma lenha na fogueira que esmorecia, e uma vez Blimunda espevitou o morrão da candeia que estava comendo a luz..."

Jangada de Pedra (1986)

"A península cai, sim, não há outra maneira de o dizer, mais para o sul, porque é assim que nós dividimos o planisfério, em alto e baixo, em superior e inferior, em branco e preto, figuradamente falando..."


Ensaio sobre a Cegueira (1995)

"Pelas janelas, que começavam a meia altura da parede e terminavam a um palmo do tecto, entrava a luz baça e azulada do amanhecer. Não estou cega, murmurou, e logo alarmada se soergueu na cama, podia tê-la ouvido a rapariga dos óculos escuros que ocupava o catre defronte."

As Intermitências da Morte (2005)

"Salvo alguns raros casos, como os daqueles citados moribundos de olhar penetrante que a enxergaram aos pés da cama com o aspecto clássico de um fantasma envolto em panos brancos ou, como a proust parece ter sucedido, na figura de uma mulher gorda vestida."

 
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